Com o tema “Existe sempre um copo de mar para um homem navegar”, a 29a. Bienal de Arte de São Paulo teve seis “terreiros” espalhados pelo pavilhão da bienal. A convite dos curadores Moacir dos Anjos e Agnaldo Farias, Vazio S/A participou com o terreiro O Outro o Mesmo, uma arena para eventos de dança, teatro e música que podia ser rearranjada de outras maneiras. Composta por carros móveis feitos de papelão empilhado, a arena podia ser disposta como um teatro para shows fechado e isolado do resto da exposição, mas também podia expandir-se (ampliando o espaço da arena), misturar-se (transformando a arena num labirinto), contrair-se (criando becos, cantos e resíduos espaciais), espalhar-se por todo seu entorno (tornando sua presença algo quase que imperceptível) — ou simplesmente funcionar como bancos e chaises para descanso dos visitantes.

Abaixo, uma resenha sobre o terreiro publicada pelo crítico de arte Paulo Miyada:
“(…) Quando fragmentado e disperso, no entanto, o terreiro fazia-se labirinto e espaço intersticial, incorporando todo o térreo do projeto de Niemeyer como seu pátio e, inclusive, valendo-se da transparência das fachadas para procurar mediações com a paisagem mais ampla do Parque Ibirapuera. Do habitar tradicional sugerido pela conformação original concentrada, o projeto de Carlos [Vazio S/A], quando aberto, passava a evocar um habitar compartilhado e marcado pelas múltiplas temporalidades dos usos dissonantes que poderiam acontecer simultaneamente em cada parcela do espaço. Presenciei dois momentos em que essa temporalidade foi explorada de forma instigante pelos artistas convidados pela 29a Bienal, sempre valendo-se de um recurso adicional do projeto: o sistema de som que podia ser alimentado de qualquer parte do terreiro e dali espalhar-se por todo o térreo.”
In “Projeto e Indeterminação: a obra de Carlos Teixeira”. Portal Vitruvius, nov/2011

Fotos: Camila Picolo, Carlos Teixeira, Duas Águas, Nelson Kon