O curador Eduardo de Jesus e Vazio S/A estão produzindo um festival de arquitetura e arte urbana no bairro Buritis, em Belo Horizonte.  Chamado de Outros Territórios, seu objetivo é discutir vazios urbanos ociosos e propor soluções para até 20 prédios “palafitados”. As 20  intervenções serão simultâneas e a realização do festival está prevista para julho de 2017. Se você por acaso mora num prédio palafitado e tiver interesse em participar, entre em contato conosco!
Mais informações em https://issuu.com/vazioarquitetura/docs/ct92-arq-ep-doc-amnesias-iv-concurs/1

vazio_sa-outros_territorios_montagem_02_lowres

Outros Territórios – perguntas e respostas

O que aconteceria nas “palafitas” no Buritis?
Várias intervenções efêmeras em várias palafitas ao mesmo tempo: uma projeção de vídeo, uma iluminação noturna, uma peça de teatro para plateia limitada, um projeto de paisagismo, escultura(s), pintura(s) etc. Será uma mudança instantânea na paisagem do bairro.

O objetivo é criar um festival que promoverá intervenções em uníssono. A quantidade de condomínios dependerá, primeiramente, da disponibilidade dos moradores em participar, cedendo-nos o espaço dos “paliteiros”; o segundo passo será captar recursos para viabilizar as intervenções. No momento estamos entrando em contato com vários síndicos e condomínios no sentido de definirmos uma rede de palafitas sujeitas a essas intervenções ambientais e culturais. Nosso objetivo é despertar a sensibilidade de todo o bairro e então promover diversas discussões simultâneas.

Os prédios seriam definitivamente alterados?
Não. A maior parte das intervenções ocorrerá somente durante o evento, outras poderão permanecer a critério do condomínio. A instalação de um projeto paisagístico, por exemplo, poderá ser efêmero ou permanente e terá potencial de transformar e requalificar o edifício. 

Quanto tempo durará o evento?
A princípio, uma semana. Durante esse período, as pessoas terão uma visão totalmente nova das palafitas. Eventos paralelos poderão ocorrer, tais como passeios guiados pela rede de palafitas, exploração das matas nativas, intervenções nas ruas de pedestre ainda não urbanizadas etc.

Os condomínios teriam algum benefício com isso?
Si­m. Trata-se de uma proposta para revitalizar a paisagem degradada do imóvel, temporariamente ou não (dependendo da intervenção e sempre a critério do condomínio). O entulho porventura existente no local, por exemplo, poderia ser removido, o que significa menos ratos e uma mitigação do aspecto agressivo do local. O uso do espaço também poderia ser remunerado, gerando receita para o condomínio.

Como o evento seria financiado?
Com patrocinadores via Lei Estadual e Lei Federal de Incentivo à Cultura e via crowdfunding. A modalidade de financiamento coletivo tem bastante potencial para engajar toda a comunidade da região. Naturalmente, a extensão e a escala do evento será ajustada em função dos recursos captados.

Mas por que esta ideia logo aqui no Buritis, e ainda por cima nesses locais tão inacessíveis?
Os proponentes acreditam que esse é um projeto inovador por trazer benefícios para a cidade (por melhorar a paisagem de um bairro marcado por diversos espaços subutilizados), para os condôminos e seus vizinhos (por ser afinal uma forma de relativizar os problemas advindos de encostas abandonadas), e finalmente por ser uma forma instigante de convergir arquitetura, artes, paisagismo e ecologia em uma proposta inovadora de gentileza urbana. Outros Territórios é, em poucas palavras, um projeto que unirá o ambiental a uma função restauradora e investigadora das artes e que trará benefícios para um passivo urbano infelizmente ignorado.

Há projetos similares a este já implementados?
Sim. O escritório de arquitetura Vazio S/A e o grupo de teatro Armatrux já ocuparam dois prédios na rua Stela Hanriot por algumas semanas. Temos também registros de outras intervenções similares feitas em outras cidades (ver a seção “projetos” acima).

Há outras ideias que embasam essa proposta?
Podemos dizer que ele atua na escala local vista por um ponto de vista global: a regeneração de vazios urbanos é um problema do Buritis, mas também é uma questão do urbanismo e das cidades contemporâneas, tanto no Brasil quanto no mundo. Outro conceito é a intervenção efêmera aqui entendida não como algo passageiro, mas como legado imaterial capaz de catalisar mudanças permanentes: afinal, novas palafitas devem ser evitadas e as existentes devem receber alguma atenção por parte da PBH. Um terceiro conceito é a cidade vista como um campo de discussão cada vez mais aberto e onde a participação dos moradores deve funcionar como forma de alavancar e legitimar mudanças.

Como as intervenções serão escolhidas?
Por meio de um concurso público de ideias onde todos poderão participar com sugestões para o bairro. Os critérios de julgamento das propostas farão parte de um edital de convocação que incluirá um júri, que por sua vez deverá contar com lideranças locais, críticos, arquitetos, agentes públicos etc.

Só arquitetos, artistas e paisagistas poderão participar?
Não. Nossa ideia inicial é fazer um concurso com duas modalidades de participação: uma para estes profissionais da área e outra para não-profissionais. As propostas dos não-profissionais poderão ser bem simples e esquemáticas, o que facultará a participação a todos os interessados em mudar o bairro. Tudo isso estará esclarecido no edital do concurso.