A Casa Marinho da Serra fica num sítio na zona rural da Serra da Moeda, um monumento natural tombado pelo patrimônio estadual de Minas Gerais (IEPHA). O sítio pertence a uma família de camponeses que habita a região desde o século XIX, e tem um belo pomar com bananeiras, jabuticabeiras, mangueiras e bambuzais.
O elemento de destaque da casa são os brises de bambu que envolvem todo o perímetro da construção (menos a fachada sul, que não recebe sol). As janelas dos quartos, voltadas para o poente ou nascente, são protegidas pela trama de bambu, elemento natural abundante em toda a região. A gramínea gigante atinge um tamanho satisfatório em cerca de três anos e é bastante comum nas paisagens do interior do Brasil, onde é popularmente usado em gradis, cercas e forros.
O bambu foi previamente tratado no próprio local com um banho de bórax e ácido bórico, método de preservação popular porque é eficaz e menos tóxico do que outros conservantes de madeira. O banho produz efeito de inseticida, fungicida e retardador de fogo.
A varanda tem vista para um pitoresco vale a norte e seus brises correm para abri-la à paisagem ou protegê-la do inclemente sol da tarde. A laje é de tijolos e elementos pré-moldados, e coberta com telha trapezoidal termoacústica sanduíche. As janelas pré-montadas são de eucalipto, e as portas são de MDF.
Hoje aposentada, a dona da casa trabalhou por quatro décadas como cozinheira em Belo Horizonte, e os recursos da construção foram doados por seus ex-empregadores. A casa foi construída com mão-de-obra local, toda ela residente no distrito de Marinho de Serra (município de Moeda, MG). Ela tem dois quartos, uma suíte, área de serviço, fogão a lenha, varanda e 110m2 de área. Seu custo por m2 ficou abaixo da referência do CUB-MG de habitação unifamiliar popular, de R$ 2.074,00.
Fotos: Daniel Mansur