In a country of cities explicitly dominated and regulated by the private realm, architecture critic Abílio Guerra makes a sharp note on three of the very few open blocks of São Paulo, where public and private space don’t confront each other, but instead work in symbiosis:

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Quadra Aberta: uma tipologia urbana rara em São Paulo
Abílio Guerra

Christian de Portzamparc, em texto já clássico no meio arquitetônico brasileiro, defende a quadra aberta como uma solução contemporânea para os grandes aglomerados urbanos. Segundo o arquiteto francês, seria uma conciliação entre as cidades da primeira e segunda eras, abrindo as portas para a terceira era da cidade. Uma conciliação entre as qualidades da rua-corredor da cidade tradicional e dos edifícios autônomos da cidade moderna. Estamos diante de um urbanismo de síntese, aonde a resultante “quadra aberta permite reinventar a rua: legível e ao mesmo tempo realçada por aberturas visuais e pela luz do sol. Os objetos continuam sempre autônomos, mas ligados entre eles por regras que impõem vazios e alinhamentos parciais. Formas individuais e formas coletivas coexistem. Uma arquitetura moderna, isto é, uma arquitetura relativamente livre de convenção, de volumetria, de modenatura, pode desabrochar sem ser contida por um exercício de fachada imposto entre duas fachadas contíguas” (Portzampark, 1997)

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Ao contrário do que os críticos mais apressados disseram – alguns até em tom de chacota -, Portzamparc não estava se propondo “inventar” a quadra aberta, mas sim preocupado em dar sentido histórico e consistência conceitual para um fenômeno urbano que acontecia de forma crescente em diversas grandes cidades.

Na cidade de São Paulo, mesmo que na forma de exceção, alguns exemplos de “quadra aberta” podem ser encontrados, sendo ao menos quatro deles de excelente qualidade. Os projetos são de períodos diferentes – anos 1960, 1970, 1980 e 2000 – e o tipo de investimento, o aporte tecnológico e os princípios formais presentes nas edificações expressam em grande medida características específicas de cada período. Contudo, as diferenças flagrantes da arquitetura dos edifícios não prejudica a percepção do elemento urbano que os aproxima: a permeabilidade do solo, que possibilita a integração de edificações privadas com o espaço público que os envolve. Pode-se observar também, nesta aproximação inicial, que tais diferenças demonstram que a tipologia urbana “quadra aberta” não é exclusiva de determinados  mecanismos econômicos e/ou princípios estéticos, mas uma possibilidade potencial, que pode ou não ser usada, dependendo da escolha dos projetistas e, principalmente, dos investidores.

Texto completo disponível no portal Vitruvius.